Quando a luta é semente de resistência, ela produz frutos históricos. E a grandeza de mais de três décadas de necessária teimosia começa por contar a partir dos grandiosos desafios enfrentados pelos camponeses em busca de seus direitos a dignidade no campo – e o MST tem muito a contar. E a conta lindamente pela voz dos sujeitos da história, e não dos subjugadores.
Talvez por isso, qualificar o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra do Brasil apenas por uma data referencial poderia significar pouco, se esta não fosse a soma das milhares de outras memórias. Pois, o MST é mais do que uma ferramenta de lutas em nosso tempo, é o referencial de uma época de resistência neste Brasil secularmente marcado por violências.
É a luta dos camponeses e camponesas que carregam na carne as cicatrizes de quem resistiu aos infortúnios da casa grande, fazendo-se alma viva e motivadora para aqueles que em algum momento ou lugar, possam ter se sentido impotentes.
A luta pela reforma agrária não é o sonho de uma noite qualquer, não é um lobby da utopia de um tempo. Ela representa o suor, a energia, as dores, coração, alma e o próprio sangue dos camponeses colocado na luta. E com ela, esperanças vindouras, alimentadas de energia vital, incansável que atravessa a alma de uma geração de lutadores.
Que insatisfeitos com as injustiças dos latifúndios improdutivos, excluídos do direito de trabalhar a terra, criar os filhos e produzir o pão, debaixo de lonas, sob balas cruzadas, violência do estado, do jagunço e o fazendeiro, fizeram de seus dias de sofrimentos, um brotar de vidas nos campos conquistados, revelando o raiar de novos dias, um lugar para chamar de meu, nosso, de todos.
Não se trata apenas de ocupar a terra, mas encher o prato de esperanças, saciar fomes seculares, curar a terra ferida pelo colonizador, pelo senhor do engenho, devolve-la o verde da vida desbotado pelo madeireiro aliado do estado e assim produzir comida para as mesas de milhares de brasileiros.
Não é apenas reforma agrária, é luta pela reforma de um pensar planetário, de um recolocar a justiça como centralidade, de entender a terra muito mais do que mercadoria da propriedade privada. É refazer a luta do caboclo Amós no antigo testamento. É devolver aos sujeitos a dignidade que lhes foi expropriada.
É com sentimento de irmandade, identidade que a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar de Santa Catarina (FETRAF-SC/CUT) rememora os honrosos 35 Anos de Luta do MST, na certeza de sentir-se presente junto na luta e bem representada por tão grandioso movimento.
E porque não dizer, nos sentir contagiados tantas vezes com a presença indispensável destes trabalhadores e trabalhadoras, crianças, jovens adultos e anciãos nas linhas de frente das lutas por mais dignidade no campo e cidade neste país.
Viva o MST, Viva a esperança e o esperançar dos que seguem pela estrada, incansáveis mantém levantadas as bandeiras de novos amanheceres, para os caboclos, camponeses e camponesas, agricultores e agricultoras familiares deste país.
– Juntos na luta!!!
Direção da Fetraf Santa Catarina